Curvas da Superação: Pilotando pelos desafios da vida

Thaligeiro
5 min readJul 18, 2023

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Em mais uma experiência de vida onde os riscos fazem parte de uma trajetória.

Foto Acervo Pessoal: Autódromo Velo Città — Mogi Guaçu/SP — Brasil — Eu pilotando o carro branco

Olá! Uma calorosa recepção aos leitores! 👋

‘As luzes ofuscantes do autódromo refletiam o brilho de minhas lágrimas, enquanto eu me preparava para pilotar em uma pista desconhecida’.

Uma metáfora perfeita para a nova jornada que eu estava prestes a enfrentar após a separação. O fim de um relacionamento de anos deixou um vazio em meu peito, como se eu tivesse sido arremessada em uma corrida sem ter treinado o suficiente. Decidi então, embarcar em um curso de pilotagem para iniciantes. Aquele mundo veloz e audacioso refletia, de certa forma, o que eu buscava na vida: superar limites, ganhar confiança e encontrar meu próprio caminho. A adrenalina da pista era um espelho das emoções intensas que vivenciava fora dela. Este sim, um sonho de menina.

Em ambos os casos, era necessário mapear riscos e tomar decisões acertadas para evitar acidentes e alcançar objetivos.

Assim, em 2017, após as aulas teóricas, com o coração acelerado, subi no carro e respiração ansiosa se misturando ao ronco do motor. Cada etapa do processo se tornou um espelho para os riscos que precisaria enfrentar para superar os desafios pessoais, emocionais e profissionais que surgiram com o fim do relacionamento.

E o primeiro passo foi reconhecer os riscos que ia enfrentá-los, da mesma forma que um piloto precisa conhecer cada curva, reta e obstáculo da pista, precisei enfrentar de frente minhas fraquezas e medos. Afinal, nós não nos damos conta de que corremos riscos todos os dias, mas aqueles que são estudados, nos trazem a segurança e a consciência plena para enfrentarmos.

Quando vi que a solidão e a incerteza se tornaram as curvas mais acentuadas da minha vida, exigindo que eu aprendesse a controlar a velocidade dos meus sentimentos e a direção dos meus pensamentos, abri os olhos para o novo.

O segundo passo era a preparação. Como um piloto que estuda a trajetória ideal antes de cada corrida, eu também precisava traçar um plano para seguir em frente. Procurei ajuda profissional — como um engenheiro de pista que ajusta o carro para o melhor desempenho — busquei apoio de amigos e familiares, e mergulhei em atividades que me trouxessem alegria e crescimento pessoal.

Crescimento pessoal esse que me ensinaria encarar qualquer desafio adiante. Cada volta na pista me ensinava algo novo, assim como cada dia após a separação me mostrava um aspecto diferente de mim mesma. Aprender a pilotar não era apenas acelerar, mas também frear nas horas certas. E na minha jornada pessoal, percebi que também precisava ter paciência, saber quando desacelerar, dar tempo ao tempo para curar as feridas emocionais.

A terceira etapa era a ação — ‘o momento em que o semáforo se apaga e o carro parte com toda a determinação’ — foi necessário dar um salto de fé e enfrentar os desafios de frente, permitindo-me arriscar, sabendo que não poderia evitar completamente os solavancos e derrapagens na estrada, nem os acidentes.

Como pilota em meio à corrida, eu precisei me manter concentrada no presente, sem me perder em memórias do passado ou preocupações com o futuro. Cada curva exigia que eu fosse ágil, adaptando-me às mudanças inesperadas com serenidade e confiança.

Só que na terceira curva, onde estava me sentindo mais confiante, veio a derrapada, onde fui parar nos pneus.

Me senti à mil, o coração apertado quando o carro perde aderência bem na terceira curva, deslizando em direção aos pneus de proteção. A sensação de pânico e impotência tomou conta de mim enquanto eu tentava retomar o controle da situação. Passaram-se segundos.

Naquele momento, percebi que mesmo quando nos sentimos mais confiantes e preparadas para enfrentar os desafios, a vida pode nos surpreender com uma derrapada inesperada. Assim como na pista de corrida, onde o controle da situação é essencial, também aprendi que na vida devemos estar sempre atentos aos imprevistos que podem surgir.

A batida nos pneus foi um lembrete doloroso de que a superação não é uma linha reta ascendente, mas uma jornada repleta de altos e baixos. A frustração e a sensação de fracasso me atingiram em cheio, mas naquele momento, percebi que era preciso levantar a cabeça e seguir em frente, mais uma vez, ou melhor, sempre!

Com o carro e os pneus avariados, era fácil desistir e abandonar a pista, assim como seria fácil desistir de seguir adiante após um obstáculo tão desafiador como o fim de um relacionamento. No entanto, a vontade de vencer era mais forte do que o medo da falha.

Apoiei-me na experiência que adquiri durante o curso de pilotagem, lembrando-me das lições sobre paciência e persistência.

Respirei fundo, reuni forças e com a ajuda de instrutores e colegas, consegui guiar o carro até a área de segurança.

Apesar do contratempo, eu sabia que desistir não era uma opção. Assim como minha jornada pessoal de superação. Olhei para o trajeto adiante com determinação renovada, sabendo que precisava redobrar a atenção e os cuidados.

Foto Acervo Pessoal: Autódromo Velo Città — Mogi Guaçu/SP — Brasil — No carro preto, eu pilota e minha irmã Co-Pilota

A cada curva, aprendi a me adaptar ao terreno, a ouvir o carro e a confiar em meus instintos. E na vida, aprendi a ser mais gentil comigo mesma, a aceitar que haveria deslizes ao longo do caminho, mas que cada um deles também seria uma oportunidade de crescimento e aprendizado.

Aprendi que não importa quantas derrapadas e pneus furados a vida nos reserva, o importante é nunca desistir de si mesma. A corrida da vida é desafiadora, mas com coragem, resiliência e a busca constante pela superação, somos capazes de enfrentar qualquer obstáculo e cruzar a linha de chegada com a cabeça erguida, prontas para o próximo desafio que a vida nos apresentar.

Por fim, a etapa da evolução, onde descobri que o processo de superação não tinha uma linha de chegada definida, mas sim uma constante evolução. E assim fui colecionando track days, rallys e corridas de regularidade.

E durante 3 anos, a experiência de pilotar em pista de corrida não apenas me ensinou a dominar o volante, mas também se tornou uma jornada de autodescoberta. Enquanto pilotava, aprendi a ouvir minha intuição, a enfrentar o medo, a concentrar-me em uma ação por vez e acreditar na minha capacidade de superação.

Assim como um carro de corrida, que precisa ser constantemente ajustado, meu processo de superação também exigia adaptação e aprendizado contínuo. Mas ao olhar para trás, e me recordar que meu sonho era ganhar um carrinho rosa de brinquedo, e assim meus pais me deram, percebi que um desejo de criança poderia chegar àquela experiência, de não apenas me tornar uma pilota mais habilidosa, mas também uma pessoa mais forte, capaz de enfrentar qualquer desafio pessoal, emocional ou profissional que a vida me reservasse.

Emocionada aqui.

Até mais! :)

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Thaligeiro

Specialist in Strategic Product Planning and Digital Transformation Project Management.